sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Silêncios...

Hoje queria arrumar uma fotografia que anda no desktop há seis meses. É a fotografia de uma amiga que partiu cedo. Uma amiga cheia de vida e de luz que me inspirava à alegria e ao encontro. 
E porque é que escrevo isto agora? Porque ontem uma outra amiga se juntou a ela no céu.
Em seis meses duas mulheres fantásticas da mesma idade, e uma mão cheia de anos mais novas que eu, interrompem os seus caminhos e sonhos para ganharem horizontes que desconheço e sobre os quais tenho uma crença muito clara. Não é sobre esta crença que escrevo mas sobre este mistério da morte, que em qualquer idade é prematura, mas aos 34 e 35 anos me parece absurdo. Acredito (por causa daquela crença) que não é absurdo para quem parte, mas é definitivamente absurdo para quem fica. 
E como dar sentido a isto tudo?
Há coisas que não se conseguem explicar nem se conseguem rever em sentidos morais, religiosos, psicológicos ou filosóficos, a morte é uma dessas coisas que não encaixa pacificamente nas caixas da lógica em que arrumamos a vida.
A Rita e a Cláudia foram duas mulheres que conheci em países diferentes e em diferentes contextos de trabalho, que sempre me acolheram com uma simplicidade tocante, que sorriam à primeira interação e nesse semblante aberto descomplicavam os novelos dos dias. A Rita e a Cláudia inspiraram-me a viver, e hoje mais que nunca, inspiram-me à vida que vai para lá do acessório. Em momentos muito diferentes, em fases e idades muito diferentes, foram sempre testemunho de garra, independência, autonomia, energia, confiança, simplicidade e amor pela vida, e é isso que desejo honrar pelo privilégio que tive em cruzar-me nos seus caminhos.
Estas duas mulheres foram conforto e alegria, foram presença e festa, foram caminhantes e companheiras, foram Ubunto (eu sou porque tu és) e com isto geraram vida em mim.
E aqui me agarro e responsabilizo: a morte só faz sentido se gerar vida (como a semente). E por isso a única palavra que pode quebrar o silêncio neste momento é: OBRIAGADA!
E a crença que não se me desapega é a certeza de continuarmos juntas. 


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